domingo, 9 de maio de 2010

Angelucane - Parte VIII

Ela prendeu cada cão a sua coleira e começaram a caminhar quando viram um garoto junto a uma árvore.

- Moça, você chama os bombeiros? – Carl.

- Onde é o incêndio? – Angelucane.

- É o meu gato, moça.

Os olhos de Angelucane brilharam e se moveram para os lados.

- Há um gato, por aqui? – Angelucane.

- Ele ficou preso na árvore.

- Eu o pego, para você.

Mal terminando de falar ela subiu na árvore e chamou o animal que não era um filhote, mas também não era um animal adulto. O gato sentiu-se confiante em ter alguém para resgatá-lo, mas ao ver a malícia nos olhos de Angelucane temeu ainda mais. Da calçada o menino escutou um estalo.

- Que barulho foi este? – Carl.

- Apenas um galho, que quebrou-se. – Angelucane.

Rapidamente ela desceu e entregou o gato ao menino.

- Ele está dormindo?

- Pois é. Na verdade ele desmaiou. De medo, acho. Mas ele ficará bem. – Angelucane.

- Obrigado moça.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Angelucane - Parte VII

- Então é por você que muito sinto.

Mukurê, forçado por Angelucane, mantinha contato telepático constante com Merquide. A mulher, porém avançou tanto em sua busca que saiu da cidade, o que nunca havia feito antes.

Deste modo, também, Merquide podia comunicar-se com os outros cães que foram à procura deles.

- Mukurê. – Angelucane.

O cão, concentrado, não a escutou.

- Mukurê, você não está com Merquide em sua mente, não é mesmo? – Angelucane.

- Não, Angelucane. – Mukurê.

- Lembra do que aconteceu com o ultimo que mentiu pra mim, não é?

Ele não respondeu e Angelucane farejou o grupo de cães no topo da escadaria e, escutando o chamado de Caíd, Mukurê juntou-se a eles.

- Angelucane. – Caíd.

- Ainda não acabei por aqui. – Angelucane.

- É hora de ir pra casa.

- Você sabe para onde ele foi não é? O que quis dizer com estigmado?

- Que ele é dominado. Agora vamos. Alem de tudo precisarmos encontrar o caminho de casa.

sábado, 24 de abril de 2010

Angelucane - Parte VI

Angelucane despertou confusa, aquecida pelas cobertas. As cortinas estava fechadas e por isso o quarto estava escuro. Após levantar-se descalça foi até a sala, onde os 24 caes repousavam. Alguns, como Caíd, sentaram-se, mas a maior parte limitou-se a olhá-la. Jiag-Xin-Bi-Xin foi a única que ficou de pé. Ela indagou o dia enquanto o que mais preocupava a cadela era o seu estado.
- Que dia é hoje? – Angelucane.
Jiag-Xin-Bi-Xin procurou orientação nos olhos de Caíd, o único aparentemente capaz de enfrentá-la.
- Quarta-feira. – Caíd.
A Angelucane não agradou a surpresa, mas estava decidida.
- Eu vou voltar aquele apartamento. Eu vou agora e vou sozinha. – Angelucane.
- Não. – Caíd.
- Não? Fica olhando. Ou melhor, fiquem olhando, todos vocês.
- Devíamos contar a ela. – Fang.
- Ela saberá de modo ou outro. – Jiag-xin-bi-xin.
- Vão me contar sobre... – Angelucane.
- A família mudou-se, ontem. – Caíd.
- Por que me impediu, Caíd! Por quê? Eu já o tinha nas minhas mãos e você... Por que fez isso?
- Porque era necessário e é tudo isso o que basta você saber.
Ele deu-lhe as costas e foi para o quintal dos fundos. Mas ela, querendo resposta e não suportando ser ignorada seguiu quando Jiag-xin-bi-xin não quis explicar. Angelucane o seguiu e antes que Jiag-xin-bi-xin ou outro dos vinte e dois animais a seguisse ela fechou a porta.
- Caíd. – Angelucane.
Ele parou de caminhar.
- Caíd, eu ainda não terminei. – Alngelucane.
- Eu sim. Portanto, nós terminamos. – Caíd.
- Você me dirá por bem ou por mal.
Caíd rosnou alto avançando contra ela, mas parou antes que a atingisse.
- Esse assunto acabou. – Caíd.
- O que aquele gato tem, Caíd? O que ele tem que os outros não tinham? Por que ‘ele não’? – Angelucane.
- A minha opnião devia bastar, Angelucane.
- A sua opinião não basta, a mim, há muitos anos, Caíd.
- Aquele era um animal estigmado. Virá a falecer dentro de três meses, e você terá o que quer.
- Ele não é tão velho assim.
- Não, não é.
- Mukurê e eu o encontraremos o lixo.
- Arrepender-se-á como nunca se atrever-se a me desafiar.
Ela não respondeu, tomou a guia de Mukurê e tinha já a mão na porta para liberar um dos cães quando Caíd avançou, derrubando-a.
Ele podia devorar-lhe o rosto, se assim o quisesse, e Angelucane escutou a feroz voz dele.
- Esqueça Genkijo. Ele não é um animal a ser morto por ti. Aviso-a, Angelucane, procure-o, e lhe faça mal, que estarás, para sempre, sozinha.
- Eu não preciso de você. – Angelucane.
- Estará só de todos nós, e com mais problemas do que possa imaginar.
- Considere avisado.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Angelucane - Parte V

Ela subiu pelas escadas com o briard e o collie. A luz não iluminava muito bem os corredores, mostrando os degraus amarelados.
Pararam no andar correto e Angelucane abaixou-se soltando os cães da coleira.
- Ele ainda está na janela. – Suni.
- Ótimo. Sif. – Angelucane.
Os olhos do outro cão brilharam e logo todo o prédio estava mergulhado na escuridão. Angelucane podia escutar a conversa do casal e os seus olhos brilharam amarelos.
- Vamos livrá-los deste... Bichano.
O chute que acertou a porta de cima para baixo derrubou-a em um golpe só.
Notaram, no momento em que entraram, que o casal parou imediatamente de procurar por velas para perguntarem-se o que acontecia ao ouvirem rosnados e correria e Genkijo, o gato de estimação.
Angelucane abriu a janela para que Kyo e Qin entrassem e o casal esgueirou-se pelas paredes até que encontrassem o celular em busca de ajuda.
Os olhos de todos os cães estavam amarelos. O que lhes permitia perseguir o gato.
Até que Genkijo parou de correr e encarou-os com seus olhos verdes na escuridão.
- Angelucane, saia já daí! – Caíd.
Ela não respondeu e Jiag-Xin-Bi-Xin preocupou-se também.
- Angelucane! – Jiag-Xin-Bi-Xin.
- Saia daí, Angelucane! – Caíd.
Eles puderam escutar, como os outros cães que estavam na rua, a resposta da mulher.
- Não antes do fim deste animal! – Angelucane.
- Suni! Kitoki! Sif! Kyo! Tirem-na daí! Agora! – Caíd.
- Não se atrevam... Agora que este bicho está no papo, vamos terminar com isso agora. – Angelucane.
- O que vocês acham? – Kitoki.
- Vamos embora. – Kyo.
- Diz isso porque tem medo de uma nova tempestade. – Sif.
- Eu decido as coisas! – Angelucane.
- Caíd, ela não... – Jiag-Xin-Bi-Xin.
- Kitoki, Kyo, Suni e Sif, tragam-na, agora. – Caíd.
- Aliança Cino. – Sif.
Os oitos olhos dos cães tornaram-se lilás antes dos olhos de Angelucane. Os Cinco saíram pelas escadas permanecendo ela ao centro.
Com ela hipnotizada os quatro cães foram novamente presos nas coleiras e retornaram para casa.

terça-feira, 9 de março de 2010

Angelucane - Parte IV

Angelucane decidiu minutos depois a sua vingança contra Kyo. Ele foi o primeiro a quem ela prendeu a coleira e amarrou do lado de fora.
A chuva havia reduzido bastante e os trovões cessado por completo. Ainda assim Kyo, assustado, arranhava a porta tentando entrar.
- Continue estragando a porta, e a reparará com seus pêlos! – Angelucane.
A ameaça dela surtiu efeito e os outros cães foram presos pelas coleiras e saíram, juntando-se a Kyo.
- Mesmo com o temporal tendo passado, não é o meu momento preferido para passear. – Macukuiê.
- É um ótimo momento. – Angelucane.
- Algumas ruas podem estar... Alagadas. – Manguti.
- Conto com isso. – Kitoki.
Saíram pisando em poças d’água em direção ao centro da cidade onde passava a estar alagado. Ima subiu em R’orab evitando assim de se molhar e a profundidade ia aumentando conforme avançavam.
A água estava à altura dos joelhos de Angelucane quando ela parou e olhou para o alto. A janela estava fechada e ali o gato sentava-se olhando para ela.
- Kyo. – Angelucane.
- Ele não pode ir até lá. – Caíd.
- Há alguém na casa. Um casal. – Jiag-Xin-Bi-Xin.
Os olhos da cocker acenderam-se anis.
- Teremos problemas com eles, Angelucane. É melhor procurarmos outro gato ou esperarmos até que ninguém esteja em casa.
- Eu não abandono os meus alvos e eu não espero... E eu não tenho problemas com os outros, eles tem problema comigo. Kyo, vá. – Angelucane.
- Mas... Mas, mas... Ainda pode voltar a chover forte, o temporal, os raios... Os trovões! – Kyo.
- Agora Kyo. E você também, Qin.
Sedentos os olhos de Qin brilharam anis, como os de Kyo pouco depois. Qin começou então a subir a parede pelo lado de fora, mas era Kyo quem avançava com agilidade.
- Sif e Suni, comigo. Os outros aguardem aqui. – Angelucane.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Angelucane - Parte III

Durante a noite a chuva agravou-se e, nas janelas, os cães farejavam o que se aproximava. Caíd parou de observar para ver o estado de Kyo, o único deles que não ousava aproximar-se das janelas.
- Como você está, Kyo? – Caíd.
- Melhor não perguntar.
- É. Você sabe como ele fica quando chega a tempestade. – Ke.
- Não. Não é uma tempestade. Não pode ser uma tempestade!
- Vocês podem se calar? – Angelucane.
Caíd olhou-a e voltou a atenção para Kyo quando o clarão do primeiro raio iluminou a sala.
Kyo abaixou-se tapando as orelhas com as patas como se isso o impedisse de escutar o trovão a seguir.
O cão uivou e quando o segundo raio caiu Kyo correu incontrolável pela sala.
- Pare com isso, Kyo. – Angelucane.
- Ele não pode parar. – Mukurê.
- Kyo.
- Kyo não pode te escutar. Ele surtou.
- Kyo, é melhor me escutar e parar com isso. Agora.
Kyo correu pela cozinha esbarrando na mesa e derrubando um copo no chão. Angelucane levantou-se de sua cama e foi até a sala.
- Já chega. – Angelucane.
- Fang. Genki desu. Parem-no! – Caíd.
- Kyo não se livrará tão fácil assim. Você vai...
- Estamos cuidando disso.
Fang segurou Kyo pela coleira e teve dificuldade em arrastá-lo até o canto das almofadas. Solto ali Genki desu colocou a primeira almofada sobre Kyo e os outros cães fizeram o mesmo antes de sentarem-se sobre elas.
- Kyo, você me paga. – Angelucne.
Do meio das almofadas escutava-se apenas o uivo contínuo de Kyo...